Por
Eduardo Pocetti
O
Ano da Contabilidade no Brasil, 2013, é oportuno para que a
população conheça melhor o significado do trabalho dos 484.583
profissionais da área e dos 10 mil auditores que atuam em 110
empresas do setor existentes no país. Trata-se de atividade
essencial para a eficácia da gestão, transparência, confiabilidade
dos balanços, exercício eficiente da responsabilidade fiscal e,
portanto, do sucesso dos negócios na iniciativa privada e da
qualidade dos serviços no setor público, preceitos fundamentais na
democracia.
Assim,
é muito feliz a iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) de instituir o ano comemorativo neste momento em que o Brasil
precisa da eficiência de suas empresas e da administração pública
para enfrentar a crise econômica mundial, retomar crescimento
substantivo e consolidar os avanços das duas últimas décadas.
Nada
disso seria possível sem contabilidade e auditoria, presentes desde
os primórdios da aventura econômica da humanidade. Para entender
mais claramente a sua importância, vale a pena navegarmos um pouco
na síntese de sua história.
Didaticamente,
podemos dividir o desenvolvimento do pensamento contábil em quatro
períodos: o primeiro vai do início da civilização até o Liber
Abaci (Livro do Ábaco), do italiano Leonardo Fibonacci, em 1202, ou
seja, abrangendo a Antiguidade e parte da Idade Média; o segundo é
compreendido entre 1202 a 1494, quando foi publicado o Tractatus de
Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), do frei
italiano Luca Pacioli, considerado o pai da contabilidade, que deu
origem à sistematização dos registros; segue- se, de 1494 a 1840,
a fase que compreende o Renascimento e a Revolução Industrial, na
qual as ciências contábeis ajudaram a estabelecer o controle das
riquezas do Novo Mundo. Em 1840, com La Contabilità Applicatta alle
Amministrazioni Private e Pubbliche, do também italiano Francesco
Villa, iniciou-se a quarta etapa.
Quanto
à auditoria, se estabeleceu como profissão, inicialmente na
Inglaterra, no momento em que o contador deixou de prestar serviços
a uma única organização para assessorar colegas, mercadores e
maior número de empreendimentos.
O
primeiro curso de contabilidade no Brasil foi a Fundação Escola de
Comércio Álvares Penteado, surgida em 1902, em São Paulo. Em 1946,
o Decreto-Lei n° 9.295 criou o Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) e definiu o perfil dos contabilistas: contadores eram os
graduados em cursos universitários de Ciências Contábeis; técnicos
em contabilidade, os formados em escolas técnicas comerciais.
Outros
dois marcos da contabilidade e da auditoria no país ocorreram em
1976: a nova Lei das S/A (6.404); e a Lei 6.385, que criou a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM). Seu artigo 26 determina que somente os
auditores independentes registrados na CVM podem auditar
demonstrações contábeis das companhias abertas e integrantes do
mercado mobiliário. O Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (Ibracon), criado em 1971, formula normas e princípios.
A
contabilidade brasileira, alinhada às normas internacionais, é
fiadora da transparência e da prestação de contas à sociedade. Na
auditoria, os profissionais são agentes de sustentação da
governança corporativa, contribuindo para a transparência e
confiabilidade da gestão empresarial e do mercado de capitais.
Ao
realizar seu trabalho, o auditor está sempre atento às eventuais
evidências de problemas, embora nem sempre tenha acesso à
totalidade das informações. Afinal, quando os gestores de uma
empresa ou instituição financeira desejam praticar fraudes, a
primeira pessoa que precisam ludibriar é o auditor.
Nesses
casos, portanto, apresentam documentação e dados paralelos e/ou
incompletos aos profissionais, que não têm o poder de polícia para
investigar e nem o de fiscal para exigir papéis. Apesar disso, são
recorrentes as ações preventivas e intervenções bem sucedidas das
auditorias no sentido de evitar que organizações lesem os seus
sócios, clientes e a economia popular.
Cada
vez mais, e dentro dos limites da lei, contadores e auditores buscam
aperfeiçoar seu trabalho para reduzir a ação de maus
administradores. Esse é um compromisso perene da categoria com o
Brasil e a sociedade.